Tenho ouvido de muitas pessoas o seguinte: se eu estiver numa situação de fim da vida degradante, vegetativa ou coma irreversível quero que antecipem minha partida, que não me deixem sofrer. Quando escuto este desabafo, penso: quem, lá na frente, irá acolher este pedido? Claro que ninguém dará atenção à vontade desta pessoa, caso venha se deparar com a situação referida.
Ouvindo estas declarações pensei em escrever este POLÊMICO artigo. Nossa expectativa de vida aumentou e teremos, em contrapartida, doenças terminais crônicas e, talvez com mais sofrimento. Sabemos que a eutanásia(morte induzida) é ilegal em nosso país. Por outro lado, me pergunto: temos ou não o direito de decidir como queremos e em que condições desejamos morrer? Sim temos esse direito.
Outro dia fui ao meu dentista que é um sujeito irreverente e divertido. Contou-me que sua mãe estava vegetativa e que não aguentava vê-la naquela situação.
Entramos no assunto de envelhecer, adoecer e morrer.
Disse-me, que se algum dia tiver que botar uma fralda, isso seria um determinante para não querer mais viver. Ele se referia a possibilidade de ter Alzheimer ou uma doença terminal grave que degenere a condição humana.
Neste momento eu expus uma ideia que me acompanha de criar uma CONFRARIA PARA MORRER. Temos tantas confrarias, como a do vinho, dos gourmet, do charuto, dos poetas, etc. Todas ligadas aos prazeres da vida. A morte é parte importante da vida e assim, como é saudável viver bem o mesmo se deseja com o morrer bem.
Diante de um estado indigno e desumano de final da vida, autorizaríamos a este grupo para nos ajudar a morrer, claro que a família acompanharia estas combinações.
A confrades nos fariam uma visita e nos ajudariam em nossa partida. Recomenda-se que na confraria tenha médico, pois ele sabe, como e a hora, para ajudar as pessoas a morrerem com dignidade. Advogados, juízes, promotores,políticos e jornalistas seriam integrantes importantes desse grupo.
Percebo que as pessoas não falam sobre a morte, fogem como o diabo da cruz deste assunto. Pode ser indigesta esta conversa, mas por outro lado, mais cedo ou mais tarde teremos que nos deparar com essa situação.
Este assunto é controvertido e seguramente causará reações diversas em cada um dos leitores ou ouvintes. Quantas pessoas vocês acompanharam em vida vegetativa, em que as famílias não tinham condições para pagar cuidadores? Os hospitais públicos e privados não tem como acolher por muitos dias os pacientes com doenças terminais ou crônicas. O que desejo é poder falar algo que tem que ver com cada um de nós, que é a morte. Tratem de pensar e falar no assunto enquanto estiverem lúcidos e conscientes, porque depois os outros é que decidirão o que é “o melhor” para vocês. Combinei com um amigo médico e com meus familiares, que não me deixem vegetando numa cama. Em tempo, meu dentista na hora disse: estou nesta confraria.
Preencha seus dados para entrarmos em contato.
Este site informa: usamos cookies para personalizar anúncios e melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.